29/06/2011

Nanotecnologia: macroproblema para Saúde e Segurança

    Tecidos resistentes que não mancham e não amassam, filtros de proteção solar eficientes, colas ultraresistentes, pó antibactérianos, microcomputadores - leves, finos, superpotentes, na palma da mão. Difícil não ficar deslumbrado com o poder de construção das nanopartículas, a infinidade de aplicação dessa tecnologia é surpreendente, e a exploração dela anda a todo vapor.
    Mas por detrás de toda essa apoteose se esconde um terrível mal que precisa ser estudado junto com as  aplicações da nanotecnologia. Tanto quem produz como quem utiliza os materiais produzidos por nanopartículas estão expostos a algo que as defesas do organismo não conhece e dificilmente terá como se defender. É muito fácil entender isso, as nanopartículas parte de um conceito de construção que foge do conceito dos átomos, aqueles que estamos acostumados a considerar como a menor parte de qualquer matéria, aquele que a décadas atrás achava-se ser indivísivel e portanto o bloco formador das substâncias presentes na natureza, substitua todo esse conceito de química que você aprendeu e passe para a realidade das nanopartículas que passam a ser o bloco construtor de substâncias e materiais presentes ao nosso redor, pense que uma nanopartícula é um átomo dividido bilhões de vezes, e é exatamente ai onde mora o perigo.
    Profissionais do ramos de saúde, segurança no trabalho e meio ambiente, sabe que quanto menor a partícula maior o risco à saúde, e este é o caso das nano, seu tamanho reduzido é tal, que a mesma pode ficar suspensa no ar e viajar enormes distâncias. Problema maior é que, a nanopartículas podem infiltrar-se nas células e deslocar-se entre elas sem ser necessário a corrente sanguínea para transportá-la.     
    Pior de tudo é que existe o temor de que o sistema imunológico não consiga se defender por não reconhecer o agente agressor a ponto de criar anticorpos, uma vez que as partículas nano não fazem parte da natureza. E dizer que uma substância invasora que não combatida pelo sistema imunológico e que tenha capacidade de infiltra-se na célula, correndo o risco de modificá-la é o mesmo que classificá-la como cancerígena.
    Por ser tão pequena, as nanopartículas tem ainda a possibilidade de misturar-se com outras substâncias para formação de compostos desconhecidos, o que aumenta o risco, uma vez que o desconhecimento pode esconder substâncias ou compostos altamente prejudiciais à saúde.
    Precisamos lembrar dos metais pesados empregados em diversas atividades como o caso da mineração, que posteriormente se revelaram assassinos, ocasionando canceres e outros males ao ser humano, vale lembrar do eficaz DDT - eficaz em combater pragas e matar seres humanos.
    Não quero com essa matéria parecer resistente às descobertas tecnológicas e suas aplicações, mas conhecedor dos riscos inerentes a tais, não poderia deixar de divulgar tais informações. Precisamos de novas tecnologias, mas a implantação destas tem quer ser medida a ponto de se conhecer e aprender a controlar suas consequencias. Vale lembrar que os trabalhadores expostos as nano e demais substâncias cancerígenas muitas vezes são totalmente desconhecedores dos riscos a que estão expostos. É o caso de Agricultores (pesticidas e radiação solar), trabalhadores das cerâmicas (sílica cristalizada), mineradores (amianto), artesões de couro e industria calçadista (formaldeídos), frentistas de postos de gasolina e distribuidores (benzeno), só pra citar algumas pois a lista certamente é muito grande.
    O maior problema em relação a exposição dessas substâncias é a comprovação delas e os agravos à saúde dos trabalhadores. O amianto a exemplo, leva de 20 a 50 anos para o período de latência do câncer. Numa visão entorpecida por esse período longo, a substância poderia ter seus riscos erroneamente desconsiderados por não apresentar sintomas a curto prazo.
    Dessa forma, precisamos aumentar nosso conhecimento quanto as substâncias que estão ao nosso redor, principalmente àquelas no ambiente laboral, precisamos entender como nosso organismo reage a exposição a cada uma delas e qual as consequencias de tal exposição, para assim desenvolvermos meios de atenuar o risco ou eliminar o agente agressor das atividades.

13/06/2011

Gestão de SST: Tornar ou não obrigatória?

Caros Leitores,

     Estive recentemente lendo uma reportagem na revista Proteção, que digo de passagem tem excelentes matérias, e na leitura chamou minha atenção um comentário feito pelo Engenheiro e administrador de empresas, Jorge Colleto, o entrevistado conta com um histórico respeitável em SST como passagens pela Volkswagen e Banco Itaú, onde implantou sistemas de gestão em SST. Tudo a respeito deste profissional, mencionado na entrevista é muito louvável. No entanto, me incomodou sua opinião a respeito da iniciativa do governo em tornar obrigatório através de uma nova norma a implantação do sistema de gestão de SST para as empresas.
                                          "...Agora vemos que a CTPP está discutindo uma NR de gestão, o que acho um absurdo. Uma lei não pode definir como uma empresa deva gerir os seus négocios..."

     Para o Sr. Colleto a NBR 18801, da ABNT, é viável para as empresas porque respeita as diferenças de cada uma, e segundo ele. gerir ou não a segurança é uma decisão da empresa e não do governo, que cada empresa deve decidir se deve ou não fazer. Curioso mesmo, é que o Sr. Colleto admite que a norma da ABNT proporciona melhores resultados dentro da empresa como o incentivo à participação do Trabalhador nas discussões sobre segurança e a eficácia desta quando aplicada para a prevenção de acidentes. Então sou obrigado a perguntar: por que o sistema só tem eficiência quando aplicado pela NBR? Se a implantação do sistema gera resultados sem a obrigatóriedade, por que não geraria com tal? Não é o governo, através da CTPP, capaz de criar uma Norma que se adeque as especificidade de cada empresa, assim como a ABNT encontrou? ou é o fato da NBR ser restrita que a torna mais eficiente? isso eu não consegui entender.

     Acredito nos resultados da implantação desta nova NR, por entender que deixar que empregadores decidam se deve ou não fazer segurança, é algo muito delicado para ser discutido em prol de um corporativismo. A segurança ainda é relegada a segundo plano pelo Brasil a fora, e isso precisa mudar. Estabelecer que pequenas e grandes empresas incorporem a SST nos negócios é uma grande iniciativa que nunca seria tomada por empresários que relegam a saúde e segurança dos seus trabalhadores.
     Diferente da visão do Sr. Colleto, a quem respeito pela experiência que lhe precede, acredito que se o governo não interferir na forma como as empresas lidam com o meio ambiente e a segurança dos trabalhadores, vamos continuar acrescendo novas cifras e casas decimais nas estatisticas relacionadas a acidentes de trabalho.

Fonte: Revista Proteção, edi 230, fevereiro/2011.

07/06/2011

Trabalhadores são resgatados de trabalho análogo a escravo

     Nove trabalhadores foram resgatados pela Fiscalização Móvel do MTE quando atuavam na costrução de rede elétrica pela empresa Eplan para execução de obras do programa Luz para Todos do governo federal. Os trabalhadores foram encontrados alojados em palafitas sem condições de higiene e segurança. O fato aconteceu no município de Guarajá Mirim (RO) na fronteira com a Bolívia durante o período de 23 de março a 1.º de abril.
     Além das condições precárias do alojamento, os fiscais ainda constataram que o grupo não foi treinado para atividade que exerciam, que por sua vez, os submetia a atividades de alto risco, como o manuseio de fios de alta tensão - além de estarem submetidos a intempéris e ao riscos provinientes da mata nativa da amazônia.
     Diante da precaridade dos serviços de fiscalização, é triste imaginar a situação de muitos brasileiros que ainda se encontram submetidos a trabalho escravo. Pior do que isso, é imaginar que uma empresa contratada para executar uma obra do governo ainda se enquadra no trabalho escravo. De resto, falta as explicações de como tal empresa consegue vencer um processo licitatório.
     Se por um lado existe um instrumento do governo que busca coíbir o trabalho escravo, do outro está o próprio governo permitindo que empresários e políticos gananciosos, corruptos e ladrões, se utilizem da carência e da miséria do brasileiro para submetê-los a este tipo de trabalho. Como imaginar em pleno século XXI uma sociedade permitir a existência de trabalho degradante? porque é assim que o Brasil se econtra nesse momento e cabe ao governo não só multar a empresa (Eplan) que criou este cenário, como também investigar e punir os responsáveis do poder público que permitiu que tal situação acontecesse.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MTE