Mas por detrás de toda essa apoteose se esconde um terrível mal que precisa ser estudado junto com as aplicações da nanotecnologia. Tanto quem produz como quem utiliza os materiais produzidos por nanopartículas estão expostos a algo que as defesas do organismo não conhece e dificilmente terá como se defender. É muito fácil entender isso, as nanopartículas parte de um conceito de construção que foge do conceito dos átomos, aqueles que estamos acostumados a considerar como a menor parte de qualquer matéria, aquele que a décadas atrás achava-se ser indivísivel e portanto o bloco formador das substâncias presentes na natureza, substitua todo esse conceito de química que você aprendeu e passe para a realidade das nanopartículas que passam a ser o bloco construtor de substâncias e materiais presentes ao nosso redor, pense que uma nanopartícula é um átomo dividido bilhões de vezes, e é exatamente ai onde mora o perigo.
Profissionais do ramos de saúde, segurança no trabalho e meio ambiente, sabe que quanto menor a partícula maior o risco à saúde, e este é o caso das nano, seu tamanho reduzido é tal, que a mesma pode ficar suspensa no ar e viajar enormes distâncias. Problema maior é que, a nanopartículas podem infiltrar-se nas células e deslocar-se entre elas sem ser necessário a corrente sanguínea para transportá-la.
Pior de tudo é que existe o temor de que o sistema imunológico não consiga se defender por não reconhecer o agente agressor a ponto de criar anticorpos, uma vez que as partículas nano não fazem parte da natureza. E dizer que uma substância invasora que não combatida pelo sistema imunológico e que tenha capacidade de infiltra-se na célula, correndo o risco de modificá-la é o mesmo que classificá-la como cancerígena.
Por ser tão pequena, as nanopartículas tem ainda a possibilidade de misturar-se com outras substâncias para formação de compostos desconhecidos, o que aumenta o risco, uma vez que o desconhecimento pode esconder substâncias ou compostos altamente prejudiciais à saúde.
Precisamos lembrar dos metais pesados empregados em diversas atividades como o caso da mineração, que posteriormente se revelaram assassinos, ocasionando canceres e outros males ao ser humano, vale lembrar do eficaz DDT - eficaz em combater pragas e matar seres humanos.
Não quero com essa matéria parecer resistente às descobertas tecnológicas e suas aplicações, mas conhecedor dos riscos inerentes a tais, não poderia deixar de divulgar tais informações. Precisamos de novas tecnologias, mas a implantação destas tem quer ser medida a ponto de se conhecer e aprender a controlar suas consequencias. Vale lembrar que os trabalhadores expostos as nano e demais substâncias cancerígenas muitas vezes são totalmente desconhecedores dos riscos a que estão expostos. É o caso de Agricultores (pesticidas e radiação solar), trabalhadores das cerâmicas (sílica cristalizada), mineradores (amianto), artesões de couro e industria calçadista (formaldeídos), frentistas de postos de gasolina e distribuidores (benzeno), só pra citar algumas pois a lista certamente é muito grande.
O maior problema em relação a exposição dessas substâncias é a comprovação delas e os agravos à saúde dos trabalhadores. O amianto a exemplo, leva de 20 a 50 anos para o período de latência do câncer. Numa visão entorpecida por esse período longo, a substância poderia ter seus riscos erroneamente desconsiderados por não apresentar sintomas a curto prazo.
Dessa forma, precisamos aumentar nosso conhecimento quanto as substâncias que estão ao nosso redor, principalmente àquelas no ambiente laboral, precisamos entender como nosso organismo reage a exposição a cada uma delas e qual as consequencias de tal exposição, para assim desenvolvermos meios de atenuar o risco ou eliminar o agente agressor das atividades.